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Os críticos da inversão fiscal do Burger King não estão dizendo a verdade

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Ao contrário do que afirma a recente cobertura controvertida nos noticiários, as inversões fiscais impulsionam transações de M&A muito raramente.  Isso se aplica particularmente à aquisição proposta de US$ 11 bilhões, pela Burger King Corp., empresa com matriz em Ontário, no Canadá, Tim Hortons Inc. Alguns críticos chegam a afirmar que a transação do Burger King (incluindo os seus planos de se mudar para o Canadá) tem a ver apenas com a política fiscal mais favorável naquele país.

Digamos que essa teoria é ótima, exceto pelo fato de não fazer muito sentido.  A acusação de inversão fiscal é totalmente falsa: esse acordo é uma fusão de dois iguais e a sua natureza é claramente estratégica.  Estas transações baseadas em inversão fiscal, embora chamem realmente a atenção e estejam duplicando em frequência, ainda são apenas uma pequena porcentagem das atividades de M&A que acompanhamos.  Elas representam algo como 0,1% das transações habituais no mercado, ou uma em cada 1.000 transações.

Algumas das inversões também são apenas subprodutos de M&A estratégicas normais, e não são conduzidas apenas visando apenas a redução de tributos.  É claro que, em alguns casos, uma grande empresa americana pode realizar uma transação eventual com uma empresa estrangeira menor, digamos, na Irlanda, para obter uma redução de impostos.  Entretanto, isso é realmente raro, e é injusto colocar o negócio da Burger King-Hortons no mesmo barco.

Um gigante do fast-food em ascensão

O negócio entre a Burger King e a Tim Hortons não tem a ver realmente com impostos.  Tem a ver com dar um passo à frente da concorrência de fast-food, por exemplo, da McDonald’s Corp. Mudar-se para o Canadá (o maior mercado para a empresa combinada) e obter redução fiscal é certamente um subproduto da transação, mas não é a razão principal.

A união entre a Burger King e a Tim Hortons combinará uma gigante do hambúrguer com um rolo compressor do mundo dos cafés e rosquinhas.  Elas são duas marcas muito boas que podem realizar vendas cruzadas, e precisam de escala e alcance.  De fato, se a transação se concretizar, diz o USA Today, ela criará “a terceira maior empresa de fast-food e lanches rápidos do mundo”, somando 18.000 lojas em 100 países e US$22 bilhões em vendas no sistema.

A menor tributação da M&A?

A inversão fiscal é um grande sucesso em termos de relações públicas, atualmente.  Como observa um artigo publicado no Chicago Tribune, temos visto um punhado de transações envolvendo inversões fiscais, ultimamente.

Na verdade, a gigante do setor de farmácias Walgreen Co. ouviu tantos protestos de ativistas, sindicatos e políticos (incluindo Barack Obama) que a empresa engavetou uma decisão planejada de reincorporação na Europa.  Quando a Walgreen decidiu tentar a inversão, a opinião pública mostrou-se desfavorável.  Obama chegou a chamá-la de “brecha fiscal antipatriótica”, como o Tribune observa.

Entretanto, tudo isto é um exagero.  A conjuntura atual em M&A mostra que existem empresas com dinheiro adicional para gastar que desejam aumentar a sua fatia de mercado.  E a coisa para por aí.  Já existia um ambiente saudável de M&A antes de a inversão virar o assunto do momento e continuará, apesar disto.

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