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O voto de “Não” na Escócia é um voto de “Sim” para M&A

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De um ponto de vista puramente comercial, os eleitores da Escócia muito provavelmente fizeram uma boa escolha ao optar pela permanência no Reino Unido.  Para começo de conversa, uma pesquisa havia indicado que aproximadamente uma em cada cinco empresas poderia transferir suas operações para outro país, em caso de aprovação da consulta popular.

De fato, na sexta-feira, os investidores deram o seu próprio voto, quando as ações na Bolsa de Valores de Londres subiam.  A libra chegou até a subir por um breve momento, diz a BBC. As coisas agora parecem estar um pouco mais estáveis: o Royal Bank of Scotland não mudará de local a sua sede, como anunciou que faria se o resultado da consulta popular fosse outro.

Tudo teve a ver com previsibilidade, pela qual empresas e investidores geralmente anseiam.  Os negociadores querem eliminar o máximo possível os riscos antes de depositarem o dinheiro em uma empresa ou projeto.  Como declarou o porta-voz do Royal Bank: “O anúncio que fizemos sobre mudarmos nossa sede social para a Inglaterra fazia parte de um plano de contingência para garantir segurança e estabilidade para os nossos clientes, funcionários e acionistas se o resultado da votação for ‘Sim’.”

Ainda pairam dúvidas no ar

Entretanto, embora os eleitores escoceses tenham decidido permanecer no Reino Unido, os negociadores ainda podem pensar duas vezes antes de fazer investimentos na região.  A independência poderia ter afetado negativamente os valores e negócios da empresa.  “Como um país independente, acredito que a Escócia poderia parecer menos atraente no mercado global e, portanto, ser financeiramente prejudicial para as empresas escocesas que queiram vender, uma vez que elas teriam uma diminuição da competitividade”, explicou o diretor administrativo da Avondale, Kevin Uphill, ao jornal digital GrowthBusiness.

Embora o mercado provavelmente tenha presumido que a separação não ocorreria (pelo menos dessa vez), quase metade do eleitorado votou sim.  Isso indica que ainda há instabilidade e incerteza subjacente.  Na verdade, duas outras empresas escocesas de alta visibilidade mostraram-se um pouco mais reservadas do que a RBS sobre a permanência na Escócia.

A Standard Life, por exemplo, declarou: “Reconhecemos que uma alteração constitucional adicional é muito provável.  Vamos considerar as implicações de quaisquer mudanças para os nossos clientes e outras partes envolvidas no nosso negócio para garantir que seus interesses sejam representados e protegidos.”

O que a incerteza provocou em Montreal

É importante notar que Quebec já foi o principal centro de atividade financeira e de negócios no Canadá.  Contudo, o medo de Quebec declarar sua independência algum dia levou embora algumas das maiores empresas de Montreal - até mesmo o Bank of Montreal transferiu a maioria das suas operações para Toronto.  Agora, Montreal ocupa o terceiro lugar como centro de negócios no Canadá, diz o jornal de Londres CityAM.

Isso demonstra que a região não precisa declarar independência de fato – apenas a ameaça já pode provocar uma catástrofe econômica.