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Um dia na vida de um concorrente do ModelOff – Parte 2: “Manter-se em pé”

O que é ser um concorrente ModelOff 2015? Descubra na minha conta da primeira rodada da competição ModelOff

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No momento talvez mais terno e de definição do personagem do filme Rocky, um Rocky Balboa vulnerável – que acabou de conhecer o ringue onde enfrentará, em 24 horas, o campeão mundial de peso-pesado, Apollo Creed – confidencia à sua namorada, Adrian:

“Não posso derrotá-lo... A quem estou enganando? Esse cara está muito acima de mim... Mas isso não importa, porque antes eu era um João-ninguém... não era nada. Isso também não importa, sabe... Não importa se eu perder esta luta. E se o cara abrir o meu crânio, também não importa. Porque tudo o que quero fazer é me manter de pé. Ninguém jamais conseguiu ir até o fim de pé enfrentando o Creed. Se eu ficar de pé até o fim e o gongo soar, se eu ainda estiver de pé, saberei que pela primeira vez na vida eu não fui só mais um coitado como os outros lá de onde eu venho.”

Quando participei da primeira rodada do 4º Campeonato Anual Mundial de Modelagem Financeira, lembrei imediatamente dessa grande sacada do Rocky. Como Rocky, eu havia treinado muito para Ganhar Força. Não, nunca tive de socar carcaças enormes de carne em um armazém frigorífico, mas o meu laptop certamente enfrentou pancadaria pesada, com todas as Questões Anteriores, tabelas de dados e simulações do Modeloff nas quais pratiquei, enquanto tonificava minhas flácidas capacidades de modelagem financeira e as transformava em massa muscular fortalecida no Excel. Ao longo do caminho, também como o Rocky, meus colegas, amigos e parentes – com a confiança inabalável que eles têm em mim – incentivaram ainda mais o meu fervor para lutar... e vencer. Londres, e a Final Mundial do Modeloff, pareciam cada vez mais perto!

Então, exatamente às oito da manhã do sábado, 17 de outubro (todos os concorrentes começam a 1º Rodada ao mesmo tempo, independente do fuso horário), entrei na arena sagrada online do Excel e, instantaneamente, como se recebesse um golpe corporal incapacitante, toda aquela confiança que eu tinha foi violentamente expulsa de dentro de mim. Subitamente, ficou claro que eu era o saco de pancadas!

A competição tinha quatro partes. A primeira era uma série de perguntas de múltipla escolha bem sádicas, no estilo acadêmico, com foco predominantemente em valor líquido atual (NPV), custo de capital médio ponderado (WACC), modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM) e outros tópicos básicos de finanças e avaliação que eu, inexplicavelmente, negligenciei durante o meu regime de treinamento aparentemente mal planejado. Mas isso não foi nada. O que me derrubou mesmo foram as partes de 2 a 4: um conjunto de três segmentos de muitas perguntas diabólicas e carregadas de dados, cada um exigindo o download de uma pasta de trabalho separada, cada um com muitas planilhas.

Como Rocky olhando para aquele pôster gigantesco daquela lenda do boxe, Apollo Creed, e percebendo a futilidade de tentar derrotá-lo, aquele demônio de modelagem financeira na minha frente não me parecia menos assustador. Entretanto, naquele momento, enquanto eu olhava para o abismo e descobria que ele não tinha fundo, fiz a mim mesmo uma promessa solene: talvez eu não consiga o nocaute – e nem mesmo o nocaute técnico – a 1ª rodada do ModelOff, mas posso tentar ficar de pé, ir o mais longe possível nas duas horas permitidas.

Já resignado ao meu papel como mais um parceiro de treino em Excel que um modelador financeiro peso-pesado, descobri a inspiração e a motivação (além da transpiração!) para continuar trabalhando meus músculos na 1ª Rodada, chegando até mais ou menos a metade do desafio, antes do gongo tocar anunciando o fim.

Nem preciso dizer que minha pontuação final não foi suficiente para me levar à 2ª Rodada, muito menos à glória eterna de participar da Final Mundial do ModelOff em Londres. Será que eu teria chances reais se tivesse treinado mais? Não tenho certeza. Acho que a verdade é que eu confio demais – e me acostumei demais – com uma quantidade imensa de novas soluções sob medida para fazer meu trabalho com mais eficácia, maior eficiência e mais segurança.
Ferramentas como Kira Diligence Engine, iCapital Network, Intralinks Dealspace®, Intralinks VIA® e Intralinks Dealnexus® (vou ser sincero: trabalho para a Intralinks, Inc.), para citar apenas algumas, me tornaram melhor no que eu faço, embora ao custo humilhante de diminuir minha agilidade no Excel.

De qualquer forma, apesar do olho preto e da dor nas costelas que meu ego sofreu com o Excel, mantenho minha cabeça erguida. Eu permaneci de pé. Eu estava de pé (melhor dizendo, sentado) quando soou o gongo final. E, acima de tudo, me senti honrado por ter competido com os melhores dentre os melhores: os Apollos do Excel, os Creeds da análise de dados. Tiro o meu chapéu para esses nobres “punhos de ferro” do Excel, e me coloco no canto do ringue onde eles estão, durante o resto da competição.

Será que me arriscarei ano que vem? Não decidi ainda. Pensando bem, Rocky conseguiu derrotar Creed em Rocky II. Mas, vamos combinar, sequências geralmente não são tão boas assim, não é?