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Atitudes Protecionistas Devem Causar Preocupações Quanto à Atividade Global de M&A?

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O protecionismo parece ser a norma agora, e isso não mudará no curto prazo, especialmente após os eventos políticos de 2016 e início de 2017.

O Presidente Trump e sua administração já se retiraram da Parceria Transpacífico (TPP). E haverá repercussões particularmente na Ásia, o que dará à China mais liberdade para definir seus próprios grupos de comércio na região. Além disso, a decisão de Trump de renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) pode prejudicar as relações com o Canadá e o México.

A UE também enfrenta riscos relacionados ao comércio: a decisão da Grã-Bretanha de deixar o mercado único e definir seus próprios acordos comerciais com países individuais pode afetar pesadamente as exportações.

Se o protecionismo é a nova norma, e por definição protege setores domésticos de um país contra a competição estrangeira, o setor de M&A também está na linha de fogo. Em um contexto de M&A, o protecionismo geralmente assume a forma de intervenção governamental para impedir que uma empresa com valor estratégico nacional venha a ser adquirida por um grupo estrangeiro. Uma abordagem protecionista tem o potencial para incitar hostilidades que podem desestimular a influência de empresas estrangeiras em assuntos domésticos.

Contudo, os termos que limitam a participação de licitantes estrangeiros em certos deals de M&A estão longe de ser claros. Ideias sobre o que constitui o interesse estratégico nacional podem mudar de acordo com as condições políticas e variar muito de um para outro país. Já vimos o Presidente Trump opinando sobre essas questões durante sua campanha, por exemplo, quando o deal entre a Time-Warner e a AT&T levou-o a dizer que "é poder demais nas mãos de muito poucos.”

Uma razoável linha-de-base de protecionismo já existe e afeta compradores chineses mais do que outros. De acordo com as pesquisas[1] conduzidas pelo banco-butique de investimento Grisons Peak, a concorrência e as preocupações de interesse nacional impediram a entrada de mais de US$ 40 bilhões de ofertas chinesas planejadas na Europa desde meados de 2015; e mais de 10 grandes aquisições no mundo inteiro foram abortadas pelos interessados chineses desde julho de 2015, principalmente como resultado de exames mais rígidos pelas autoridades nos EUA, na Austrália, na Alemanha e em outros países. Além disso, no último trimestre de 2016, os compradores chineses enfrentaram um ambiente muito mais hostil em certos países. Por exemplo, o deal da S. Kidman & Co (Austrália), o deal da Western Digital (EUA) e o deal da Kuka (Alemanha) mostraram-se repletos de problemas.

Assim como o espírito protecionista está bloqueando a atividade de M&A dos chineses no exterior, o governo chinês tenta domar as negociações recordes do país como parte dos planos para impedir os esforços de empresas chinesas para disfarçar a fuga de capitais sob a capa de aquisições em outros países. De acordo com relatos, a China impedirá investimentos significativos por suas companhias em empresas estrangeiras acima de determinado valor ou em setores não relacionados, a menos que sejam considerados "estratégicos" ou de interesse nacional.

A tendência crescente de protecionismo parece firme em um futuro previsível. No momento, a atividade global de M&A está aumentando e, logicamente, uma quantidade maior de deals significa um aumento correspondente em deals bloqueados em virtude do protecionismo. No entanto, com uma reforma radical nas negociações em andamento, há também uma boa chance de a proporção de deals impedidos ou bloqueados por razões protecionistas aumentar mais rapidamente do que o crescimento geral dos deals anunciados. Só o tempo dirá.

As atitudes protecionistas retardam a atividade de fusões e aquisições? Descubra no último Intralinks Deal Flow Predictor.

[1] http://www.chinainvestmentresearch.org/press/24-october-2016-nearly-40bn-chinese-acquisitions-pushed-back-west-premium/